Encontros comigo mesma ou Em busca da pessoa útil que há em mim
Por uma autoetnografia artístico-pedagógica: mulheres em criação
Borzilo, Nathália Bonilha.
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política,
da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP)
O presente trabalho compartilha fragmentos da criação artística Encontros comigo mesma ou Em busca da pessoa útil que há em mim, solo teatral que faz parte da pesquisa de mestrado “Por uma autoetnografia artístico-pedagógica: mulheres em criação”. De natureza radicalmente qualitativa, na qual o método é compreendido como forma de pensamento e ação (da própria pessoa-pesquisadora durante o percurso da pesquisa), a presente investigação acontece de modo transdisciplinar no trânsito entre os campos pedagógico, (auto)etnográfico e teatral. A artista-pesquisadora Nathália Bonilha, investiga processos de criação amparados em conversas e práticas artísticas realizadas com sua avó, Teresinha de Toledo Bonilha. Além dos encontros com sua avó, a artista convidou um grupo de atrizes, que por sua vez, convidaram suas parceiras familiares (mães, avós e tias) para investigar possibilidades de criações teatrais autoetnográficas, lançando o olhar para as histórias de vida e memórias das mulheres de suas famílias. Individual, a duas, ou no coletivo, o caminhar com idas e vindas por estes campos, é o que caracteriza primordialmente esta investigação. É proposto então um estudo sobre o processo, identificando-o, nomeando-o e colocando seu fluxo em evidência, tal como nos sugere o antropólogo Tim Ingold, no livro “Estar Vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição” (2015). Para colocar em prática esse fluxo de estudos, é necessário assumir a natureza radicalmente subjetiva, artística e interpretativa da pesquisa. Tais proposições levam ao entrelaçamento de duas abordagens metodológicas, que acolhem a investigação: a Investigação Baseada nas Artes (IBAs) e a Autoetnografia.
Ficha técnica
Encontros comigo mesma ou Em busca da pessoa útil que há em mim
BORZILO, Nathália Bonilha. 2020, São Paulo.
Orientação: Professora Dra. Marília Velardi
Artistas-convidadas da pesquisa: Amanda Gamba, Ciça Coutinho, Diane Boda, Giovana Pantaleão, Sarah Reimann e Teresinha de Toledo Bonilha.
Nathália Bonilha
é atriz, diretora, dramaturga e educadora teatral. Formada em Direção Teatral pela ECA/USP e no curso profissional de atores do Teatro Escola Macunaíma, atualmente é mestranda do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política da EACH/USP, com a pesquisa intitulada "Por uma autoetnografia artístico-pedagógica: mulheres em criação", orientada pela Profª Dra. Marília Velardi. Em 2012 fundou a Cia Ato Reverso onde dirigiu e/ou atuou nos espetáculos: "Maria Inês ou O que você mata pra sobreviver?", "Vende-se", "Gota D'água", "Abigail Williams ou De onde surge o ódio?" e "Encontros comigo mesma ou Em busca da pessoa útil que há em mim." Além das obras na Cia, já dirigiu diversos trabalhos nos contextos pedagógicos onde leciona, no curso de formação de atores da Escola Nacional de Teatro (ENT), da Escola Recriarte e no Programa Vocacional da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Entre seus últimos trabalhos como diretora e pedagoga podem-se destacar: "Deixa, mãe, que invento o meu nome", "O despertar da primavera", "Pic-nic no front", "Tempo estimado de viagem", "A inimiga do povo", "Quase nada", "Carpe Diem", "Nada", entre outras. Além disso, a artista integra o Coletivo Ato Resistência como atriz e diretora do trabalho "Contra AI-5: Mulheres em Luta", espetáculo que apresenta narrativas de mulheres sobreviventes à violência de Estado durante a Ditadura civil-militar brasileira e até os dias de hoje.